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De lá pra cá




![]() Grupo Folclórico Jadran dançando em 30 de maio - Data Nacional Croata - na Prefeitura de São Paulo, | ![]() Bloco carnavalesco Turma D’Amor, formado por croatas dálmatas, 1942. [Acervo família Bacic Fratric] | ![]() 1º guia do imigrante croata, 1928. [Acervo Memória Dálmata - SADA] |
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![]() 1o jornal croata Hrvatski list, 1928/1929. [Acervo Dálmata - SADA]ed | ![]() Fragmento da Obra “Epopeia croata da imigração ao Brasil” de Ivan Dragojević. | ![]() 21 |
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![]() Presença da comunidade dálmata na inauguração de monumento de autoria de Jorge Andrés Franulic, no m | ![]() 14 | ![]() 12 |
![]() 9 | ![]() 7 | ![]() Navio Partizanka, 1948 [Acervo Memória Dálmata - SADA] |
![]() 05_A4 (tamanho A4) | ![]() Descritivo familiar em passaporte, 192?. [Acervo família Bacic Fratric] | ![]() Navio levando a 1ª e 2ª geração para reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial, 1948. [Acervo Memória |
![]() 04_A4 (tamanho A4) | ![]() Atestado escolar do Grupo Escolar Amadeu Amaral, 1935. | ![]() Passaporte familiar, Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, 1925. [Acervo família Nóbilo Marijetic |
![]() Boletim escolar pré-emigração, 193?. [Memória Dálmata - SADA, doação doação Anahy Gavranich] | ![]() 03_A4 (tamanho A4) |
De lá para cá
A imigração croata no Brasil começou a se intensificar no final do século XIX, quando imigrantes de diversas regiões da Croácia, incluindo a Dalmácia, começaram a chegar ao país, motivados por crises econômicas e pela instabilidade política que se agravou com o início da Primeira Guerra Mundial. Na época, a Croácia fazia parte do Império Austro-Húngaro, que foi desmembrado após o conflito, dando origem ao Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, conhecido posteriormente como a Primeira Iugoslávia. Por essa razão, muitos croatas foram registrados como iugoslavos, austríacos, húngaros ou até italianos, dependendo da região de origem, e não como croatas ou dálmatas, o que dificultou o reconhecimento da chegada de imigrantes croatas no Brasil até o final do século XX.
Nesse mesmo período, o Brasil estava implementando uma nova política migratória para substituir a mão de obra escravizada e povoar o interior do país. Em 1924, o governo brasileiro iniciou uma campanha intensiva para atrair imigrantes europeus e até japoneses, com o objetivo de suprir a demanda de trabalhadores para as lavouras de café. De acordo com um folheto da época, podiam emigrar para o Brasil famílias compostas por pelo menos três membros, sendo nenhum com mais de cinquenta anos de idade. A maioria dos imigrantes croatas passou de quatro a cinco anos trabalhando nas fazendas de café, mas aqueles que não resistiram às duras condições de trabalho fugiram para as cidades em busca de melhores oportunidades de vida. Após a crise do café, em 1929, não há registros de muitos imigrantes croatas permanecendo nas fazendas (mesmo que haja famílias em São Carlos, Jaboticabal, Santa Rita do Passa Quatro, Sertãozinho etc.); a grande maioria se dirigiu para São Paulo, estabelecendo-se em bairros operários como a Mooca e o Belenzinho, onde predominavam indústrias têxteis e de tabaco, mas também na Lapa e no centro da cidade.
Na zona Leste, os imigrantes croatas começaram a recriar, de certa forma, as antigas aldeias de origem, com ruas inteiras ocupadas por croatas e dálmatas de regiões como Blato e Vela Luka. Nessa época, eram frequentemente chamados de "iugoslavos" ou "bichos-d'água" – um termo pejorativo utilizado por extratos da classe média periférica paulistana para se referir aos imigrantes do Leste Europeu, que atravessaram mares e falavam línguas incompreensíveis para os brasileiros.
Logo após sua chegada, os imigrantes croatas começaram a se organizar em cooperativas familiares, estabelecendo redes de apoio mútuo em todos os aspectos da vida cotidiana, criando laços fortes e próximos dentro da comunidade. À medida que o número de imigrantes aumentava, surgiram as primeiras cooperativas em São Paulo, com o objetivo de auxiliar na integração econômica, habitacional e cultural dos imigrantes. No entanto, a partir da década de 1930, com a crescente repressão do governo brasileiro contra a imigração, que via os imigrantes como uma ameaça à ordem nacional, muitas dessas cooperativas foram forçadas a fechar ou a se transformar em associações, uma tentativa de adaptação ao novo contexto político. O governo brasileiro impôs restrições e, em alguns casos, exigiu a nacionalização dessas entidades, excluindo atividades econômicas e sociais de caráter étnico, como as que envolviam os imigrantes croatas e iugoslavos.
A partir da década de 1950, com a diminuição da repressão, novas entidades foram fundadas, mas com um foco mais restrito à preservação da cultura croata, com ênfase em aspectos como a língua, a dança e as tradições. Esse foco cultural perdurou por várias décadas, até que, mais recentemente, surgiram discussões sobre a necessidade de ampliar a atuação dessas entidades para incluir aspectos mais amplos da vida social, como a criação de grupos de estudo sobre negócios entre o Brasil e a Croácia, além de redes de profissionais de origem croata. Esse movimento reflete a evolução das organizações imigrantes, que passaram de uma preocupação com a sobrevivência e integração imediata para uma atuação mais diversificada e voltada para o fortalecimento das relações bilaterais e a valorização da história e das culturas croatas no Brasil.