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Dalmácia




![]() A3 | ![]() 21_A3 (tamanho A3) | ![]() Cartão Postal de Vela Luka, Korčula, Croácia, 195?. [Acervo Memória Dálmata - SADA] |
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![]() Vela Luka, Korčula, Croácia, 195?. [Acervo Memória Dálmata - SADA] | ![]() Grupo de marinheiros em Vela Luka, Korčula, Croácia, 195?. [Acervo Memória Dálmata - SADA] | ![]() 4 |
![]() 7 | ![]() 6 | ![]() Imigrantes em celebração de data nacional, 193?. [Acervo família Farcic Fic] |
![]() 5 | ![]() 8 | ![]() Reprodução de Vučedolska golubica (símbolo de ocupação territorial da região do Danúbio, 2800 a 240 |
![]() Pingentes croatas para árvores de natal (ferradura, licitar, cogumelo, ferradura e passarinho), s.d. | ![]() Trajes típicos [Acervo Grupo Jadran e Fernando Crnkovic] | ![]() 13Frulas (flautas típicas croatas) em madeira, s.d. [ Acervo Memória Dálmata - SADA] |
![]() Medalha comemorativa do escultor Ivan Mestrovic, s.d. [Acervo Memória Dálmata - SADA] | ![]() Homenagem da Matica Iseljenika Hrvatska,1988 [Acervo Memória Dálmata - SADA] | ![]() 10 |
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A Croácia é um país relativamente desconhecido no Brasil, um fato que, apesar de parecer generalizado, contém várias nuances que merecem ser exploradas. O interesse dos brasileiros pela Croácia aumentou consideravelmente após a emancipação política do país em 1991, com a independência da antiga Iugoslávia e sua entrada na União Europeia em 2013. Esses eventos marcaram a visibilidade da Croácia no cenário internacional, especialmente para os descendentes de croatas no Brasil, que viram nessas mudanças uma oportunidade para resgatar suas raízes culturais e explorar novas possibilidades econômicas, como a cidadania croata, que oferece vantagens para quem deseja morar ou trabalhar na Europa.
Além disso, a imagem inicial da Croácia no Brasil, fortemente associada aos conflitos da década de 1990, tem gradualmente dado lugar a um novo olhar, mais positivo e turístico, à medida que um número crescente de brasileiros se interessa pelas belezas naturais e pela cultura croata, frequentemente promovida pela mídia brasileira. No entanto, para entender a construção da identidade croata, é necessário considerar a complexa história cultural do país, marcado por uma interação constante entre diferentes povos e culturas ao longo dos séculos.
A Croácia sempre desempenhou o papel de mediadora entre culturas eslavas e não eslavas, em um processo contínuo de tentativa de preservação de sua própria identidade sem ser suprimida pelas influências externas. Esse processo gerou uma hibridação cultural única, especialmente visível em sua elite intelectual, que ao longo da história procurou formular uma identidade nacional que ao mesmo tempo respeitasse suas tradições e interagisse com culturas culturalmente "incompatíveis". Nesse contexto, líderes croatas recorreram à produção de uma vasta literatura – panfletos, livros didáticos, gramáticas, textos jornalísticos e políticos – para definir e afirmar a identidade croata.
No século XIX, à medida que outros povos europeus avançavam na construção de suas identidades nacionais, os croatas também começaram a buscar uma identidade mais unificada. Esse movimento, denominado Renascimento Popular Croata, que se consolidou a partir de 1830 e se estendeu até o final do Império Austro-Húngaro, refletiu o esforço do país para solidificar uma noção de pertencimento nacional. Contudo, com a formação da Primeira Iugoslávia em 1918, muitos croatas ainda se identificavam mais com suas regiões de origem – como Dalmácia, Eslavônia, Ístria, Kvarner, Lika – do que com a nação croata em si. Essa fragmentação regional ficou evidente na classificação do Anuário Estatístico de Emigração publicado nos anos 1920 e 1930, que separava as regiões da Croácia em duas categorias principais: Hrvatska/Slavonija (Croácia/Eslavônia) e Dalmacija (Dalmácia), refletindo as distintas identidades regionais.
A Dalmácia, em particular, possui uma história de contato mais estreito com os italianos, especialmente nas regiões do norte e nas ilhas. A integração política e administrativa da Dalmácia ao resto da Croácia só ocorreu com a formação da Iugoslávia em 1918. Porém, as elites croatas de Belgrado não favoreciam uma maior integração dessa região ao projeto nacional croata. Isso fez com que a identidade dálmata demorasse mais a se consolidar em termos de pertencimento à nação croata, sendo mais fortemente definida pelos desafios e tensões gerados pelas ocupações italianas nos anos 1920 e 1930 e pela Segunda Guerra Mundial.
Portanto, a história da Croácia e da Dalmácia é profundamente marcada por uma complexa construção identitária, marcada pela intermediação de diferentes influências culturais e pelo desafio de manter uma identidade própria em meio a pressões externas. Hoje, essa história continua a moldar a forma como os croatas, e especialmente os descendentes de croatas no Brasil, se relacionam com o país de origem e buscam resgatar e preservar suas tradições culturais.