Moo-ka.

Fazer casa.

O lar, assim, se instaura como um adjetivo para evidenciar a localidade que, hoje, sobreposta por inúmeras territorialidades e simbolismos, compreendemos como este tão tradicional bairro da Zona Leste do município de São Paulo.

De nome tupi-guarani e notoriamente associado aos fluxos migratórios no município, a Mooca carrega, em sua toponímia, traços e vias, as memórias de inúmeras outras nações que por aqui fizeram casa. A nossa casa.

Entre as ruas Taquari, Padre Adelino, Serra da Bocaína, Tobias Barreto e Largo Ubirajara, aportaram um pouco dos povoados dálmatas de Blato e Vela Luka, trazendo, para o Belém e o Belenzinho, também a devoção à Santa Vicença.

Entender a Zona Leste de São Paulo, em sua complexidade, é compreender a gama de memórias que navegaram pelo Mar Adriático (Jadransko), subiram a Serra do Mar e fincaram novas raízes, construindo novas histórias, movendo moinhos... Famílias que emaranham passado, futuro e presente, na poesia que se estende entre tantos mares e serras.

O Eixo “Croácia Zona Leste”, assim, visa enaltecer os lugares da memória croata nas imediações dos bairros da Mooca, Belém e Belenzinho, através da poética das ruas paulistanas. Criados por Leandro Santana, os lambe-lambes que colorem o espaço da Sociedade Amigos da Dalmácia – enquanto lugar de memória símbolo da comunidade croata na região- evidencia, através de jogos de palavras, imagens e correlações entre localidades croatas e brasileiras, o quanto pulsa, em São Paulo, uma Croácia que fez do Brasil também um lar.


Leandro Santana